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O futuro da educação a distância


Em entrevista para o Portal Educador 21 no âmbito da Bett Educar 2024, Jhonatan Almada, diretor do CIEPP falou sobre o futuro da educação a distância. Confira a entrevista completa:


Portal Educador 21 - Qual a importância do ensino a distância para o futuro da educação?

Falo da educação a distância a partir da minha própria experiência como estudante, tutor, professor conteudista e professor formador. Assim, tenho acompanhado pessoalmente a evolução dessa modalidade. O futuro da educação parece algo distante ou impreciso como a linha do horizonte. Prefiro pensar que há um aprendizado cumulativo em que a educação a distância sempre terá o seu lugar, seja para a garantia de acesso para aqueles que não conseguem, não podem ou não querem estudar na modalidade presencial, seja para ampliar as oportunidades educativas daqueles que estão no presencial, como um plus que se abre para o nacional, o regional e o internacional. “Porque eu sou do tamanho do que vejo”, dizia Fernando Pessoa, justamente a riqueza da educação a distância está aí nesse veio que te permite ultrapassar os muros da sua condição geográfica e se conectar com o mundo de conhecimentos, informações e pessoas.


PE21 - Dados de 2020 a 2021, mostram que a EAD teve um acréscimo de 23,3% em matrículas, enquanto nas graduações presenciais houve queda de 16,5%. Na rede privada, 70,5% dos estudantes, em 2021, ingressaram por meio de cursos remotos. Como está o cenário atualmente?

É preciso observar o conjuntural e o estrutural. O conjuntural foi o crescimento da educação superior a distância, especialmente durante a pandemia da COVID-19. O estrutural é que a oferta da educação superior tem sido majoritariamente feita pelo setor privado, antes na modalidade presencial, agora na modalidade a distância. Há uma dimensão explicativa que passa pelos avanços tecnológicos, acesso à internet, valores das mensalidades, os baixos custos para os estudantes nas despesas com alimentação, deslocamento territorial, materiais didáticos, bem como, a flexibilidade de horários e o menor tempo para se formar. Este cenário não vai mudar pela expansão da educação superior pública, dado que não é uma etapa obrigatória e seu financiamento depende do orçamento público de cada ano. Dessa forma, sua expansão é limitada em face das outras prioridades. É diferente da educação básica que é obrigatória e dispõe de financiamento público permanente, constitucionalizado. Digo isso referido ao Brasil. Internacionalmente, no âmbito da Unesco, já se discute a ideia de universalização da educação superior. No entanto, chegamos ao ano de 2024 sem cumprir a meta de expansão da educação superior do nosso Plano Nacional de Educação-PNE, isso só ocorrerá no futuro se houver ação coordenada entre setor público e privado, modalidade presencial e modalidade a distância.


Foto: Painel do Fórum Ahead Bett 2024



PE21- E quais são os desafios da modalidade, no Brasil e no mundo?

Dois desafios principais, a evasão e a qualidade. A evasão porque na educação a distância o peso está na capacidade do estudante de regular sua própria aprendizagem, ter disciplina de estudos. Aqui joga um papel fundamental os profissionais e as plataformas. Os profissionais que tocam a educação a distância precisam dar o suporte necessário e criar os estímulos adequados para que os estudantes dessa modalidade não evadam. Por outro lado, as plataformas também precisam ser amigáveis aos usuários e nem sempre o são. Há uma enorme sensação de solidão na EaD e se “só somos com o outro”, o desafio reside em minorar esse sentimento e emular positivamente os estudantes. A qualidade está ligada a fatores extraorganizacionais e intraorganizacionais. A educação superior brasileira possui um Sistema de Avaliação que funciona há algumas décadas, contudo não dá conta mais. O cenário de multiplicação e diversificação de cursos, modalidades e instituições criou um volume gigantesco de processos avaliativos e regulatórios, o que demanda repensar esse Sistema. Sendo assim, sou favorável a criação de uma autarquia federal que cuide especificamente da regulação e avaliação da educação superior, bem como, que se revisem os parâmetros de qualidade para a educação a distância em consulta pública e democrática.




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